Workshop da CCEE e PSR discute formação de preço de energia com setor elétrico

Um dos temas mais relevantes do setor elétrico brasileiro na atualidade, o processo de formação de preços de energia elétrica de curto prazo foi discutido no workshop “Meta II Formação de Preço: Percepções e Condicionantes”, realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a PSR, em outubro, em São Paulo.

O workshop foi o primeiro do tipo no âmbito do estudo “Formação de Preço de Energia Elétrica de Curto Prazo: Uma Análise do Mercado Brasileiro” que será executado por um consórcio de liderado pela PSR e contratado pela CCEE em maio deste ano.

Um dos principais objetivos do encontro, que reuniu autoridades e empresas do mercado de energia elétrica, foi apresentar o projeto para o setor e coletar sugestões dos agentes sobre o modelo atual de formação de preços no Brasil, além de discutir desafios e oportunidades dos modelos de formação de preço por custo e por oferta. Tema que estimula discussões e estudos no setor, a precificação de energia tem se tornado ainda mais desafiadora, em um ambiente de abertura de mercado e maior penetração de fontes renováveis intermitentes na rede.

“Este primeiro evento faz um nivelamento sobre a questão da formação de preços como um todo”, afirmou o CEO da PSR, Luiz Augusto Barroso. “Este é um projeto que vai trazer muita informação para o setor”, completou.

Talita Porto, vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE, ressaltou que qualquer mudança na metodologia de cálculo será profundamente estudada e discutida com o mercado. “Para a CCEE, o preço é uma variável muito importante. Acreditamos que a previsibilidade, a transparência e a reprodutibilidade são essenciais na formação de preços”, afirmou.

Presente ao evento, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, ressaltou que a formação de preços é um tema sobre o qual o mercado se debruça há pelo menos duas décadas. “Este projeto contribuirá muito para a decisão por qual caminho vamos seguir”, disse.

Cristiano Vieira, diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), também destacou a importância do assunto para a operação do sistema. “Quando falamos de preço, não tem como deixarmos de pensar nos desafios que estamos vivendo na operação”, afirmou ele, lembrando que, em um ambiente com penetração cada vez maior de renováveis variáveis, é importante aprimorar um desenho de mercado que revele preço eficiente e, ao mesmo tempo, apoie o operador nas tomadas de decisões em tempos de programação em tempo real.

Angela Livino, diretora de Gestão Corporativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), considerou o evento como uma oportunidade para debater e acompanhar o estágio do projeto. “O desenvolvimento desse projeto traz elementos muito importantes para o planejamento. Estamos muito alinhados com essa iniciativa”.

Além do time da PSR, que contou com apresentações de Gabriel Cunha, Celso Dall’Orto, Paula Valenzuela, Joaquim Garcia e Erik Rego, o workshop teve participações de Rodrigo Sacchi (CCEE), Dorel Soares Ramos (Poli/USP) Richard Lee Hochstetler (Acende Brasil), Lucas Cechetto (Engie), Marcos Keller (Engie), Bernardo Costa (FGV) e Vitor Matos (Norus).

O evento reuniu cerca de 200 pessoas presencialmente e contabiliza mais de 1,3 mil visualizações na transmissão online, cuja gravação na íntegra está disponível neste link: https://www.youtube.com/watch?v=wpGTb1yaZko. Mais detalhes do projeto podem ser encontrados no site da iniciativa https://www.meta2formacaodepreco.com.br/.

Ainda estão previstos outros quatro workshops dentro do projeto, que tem o objetivo de indicar o melhor arranjo para o mercado brasileiro, inclusive com as adequações necessárias no ambiente comercial, regulatório e as melhores práticas empresariais. O trabalho também envolve uma fase de análise do atual mecanismo de formação de preço por custo, que deverá indicar os avanços necessários para aprimorar a eficiência operativa e a sinalização econômica associada aos modelos computacionais.

O projeto está inserido no programa “Meta II”, estabelecido pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Ministério de Minas e Energia, com valor aproximado de US$ 38 milhões em investimentos em dezenas de iniciativas. A ação fortalece o papel de coordenação ministerial, já que os participantes não desembolsam contrapartidas financeiras e atuam em conjunto com o ministério. A CCEE, em particular, recebeu orçamento de R$ 33 milhões para um total de quatro projetos, entre eles o de formação de preço, cuja licitação para sua execução foi vencida por consórcio liderado pela PSR.