Impulsionado recentemente pelo desenvolvimento das ferramentas de inteligência artificial, o mercado global de data centers tem crescido e pode apresentar oportunidades para o setor elétrico brasileiro. No entanto, para que o Brasil aproveite essa oportunidade, é essencial solucionar gargalos, especialmente na conexão com o sistema de transmissão e distribuição de energia. Essa foi a principal conclusão dos especialistas que participaram de um debate sobre o tema, realizado em agosto, em São Paulo, pelo escritório Veirano Advogados em parceria com a PSR.

“Hoje, falta uma conexão e coordenação entre todos os setores para destravar essa demanda potencial do segmento de data centers. O Brasil tem oferta de energia, e as perspectivas apontam para um grande potencial de investimentos. A viabilização de infraestrutura elétrica a um custo acessível pode contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico do país”, afirmou Mateus Cavaliere, head de Planejamento e Inteligência de Mercado na PSR, que participou do debate.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até junho deste ano, projetos de data centers com processos de conexão à rede básica protocolados junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) somavam um potencial de demanda de 2,5 gigawatts (GW) até 2037.

Os investidores do setor de data centers destacam duas preocupações principais em relação ao setor elétrico brasileiro: o custo e a confiabilidade do suprimento de energia. Dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) indicam que os gastos com eletricidade representam cerca de 30% dos custos totais de operação de um data center.

Os data centers típicos possuem um perfil de consumo contínuo e constante, 24 horas por dia, durante todo o ano, o que torna a segurança do fornecimento de energia elétrica essencial para o funcionamento adequado dos equipamentos e para atender às demandas do setor. Considerando as metas globais de descarbonização, quanto mais renovável for a fonte de energia utilizada pelos data centers, melhor. Nesse sentido, o Brasil se posiciona como um concorrente importante na disputa pelo mercado global de data centers.

“O Brasil tem ótimas oportunidades. Mas apesar de termos a geração de energia  a um dos custos mais baixos do mundo, a conta de energia é uma das mais caras. Nossa malha de transmissão é uma das maiores do mundo, mas o processo de  conexão para os data centers ainda é complexo. Então o Brasil precisa trabalhar na integração setorial, além de melhorar a regulação e questões tributárias para não perdermos essa oportunidade para outros países”, afirmou Celso Dall’Orto, head de Planejamento e Inteligência de Mercado na PSR, ressaltando as oportunidades e desafios do país.

Para enfrentar esses desafios, a PSR tem desenvolvido estudos focados na expansão otimizada da oferta, na geração, transmissão e distribuição de energia, além de questões relativas à resiliência e aos atributos de todas as fontes, visando tornar o sistema elétrico brasileiro mais robusto.

Além do Mateus e Celso, o debate também contou com a participação de Lívia Amorim e Ana Claudia Beppu, sócias de Veirano Advogados, Marcos Siqueira, COO da Ascenty na América Latina, e Daniel José Tavares de Souza, consultor técnico da superintendência de Transmissão de Energia da EPE.

Para saber mais sobre as oportunidades e desafios do setor elétrico brasileiro no atendimento ao crescente mercado de data centers, acesse o artigo sobre o tema e a edição de agosto/2024 do Energy Report.