Entenda as oportunidades futuras das hidrelétricas no Brasil

O vencimento próximo de um conjunto de concessões hidrelétricas será um marco importante e reacende as discussões sobre a revisão dos contratos dessas usinas para assegurar a continuidade do fornecimento de energia ao país e a manutenção das infraestruturas existentes. Este momento também se revela como uma oportunidade relevante para considerar aspectos como a modernização das usinas, a sustentabilidade ambiental e a eficiência operacional nos contratos das hidrelétricas.
Segundo Jairo Terra, head em Regulação e Litígio na PSR, é fundamental refletir sobre as novas necessidades do sistema elétrico. “A renovação das concessões é uma boa oportunidade para a gente rever alguns desses contratos, além de criar previsão para a prestação e remuneração desse serviço. Seria um bom incentivo para que eles fossem prestados de maneira adequada”, afirmou durante webinar promovido pela MegaWhat. Por isso, a expectativa é que o marco regulatório seja aprimorado para endereçar tais necessidades sistêmicas, que ao longo do tempo foram atendidas principalmente pelas hidrelétricas.
No entanto, em um cenário mais moderno, o Brasil passou a investir e explorar outras fontes renováveis, como a eólica, a biomassa e a solar. Dentre estas, sem dúvidas, a mais popular é a solar, que apesar de apresentar perfil de geração pouco sazonal, possui forte variabilidade durante o dia.
A edição de maio do Energy Report, boletim mensal produzido pela PSR sobre tendências, desafios e oportunidades do setor de energia, afirma que devemos pensar nos reservatórios e nas hidrelétricas, de uma forma geral, com outra função. Cada vez mais, à medida que projetamos um crescimento econômico, as hidrelétricas terão funções um pouco diferentes das funções já conhecidas ao longo da história. Elas serão mais responsáveis por serviços de bateria e ao atendimento da ponta, ou outros serviços auxiliares ao sistema elétrico.
Ainda é possível viabilizar novas usinas hidrelétricas nos dias de hoje?
Para o diretor executivo Rafael Kelman, a partir de um ponto de vista técnico, existe um potencial remanescente considerável. Em termos leigos: é possível construir diversas hidrelétricas. Porém, olhando pelo aspecto ambiental, o cenário é diferente. “Temos uma situação em que empresas não estão dispostas a investir mais em estudos de viabilidade porque não percebem que isso poderá levar a um projeto que elas tenham na sua carteira vencendo leilões”, avaliou. Segundo ele, há alguns anos o setor espera uma sinalização do governo, que não vem. Com as incertezas do negócio, será difícil retomar.
Ainda assim, as hidrelétricas são protagonistas no mercado brasileiro, com uma capacidade instalada da ordem de 108 gigawatts (GW), de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e ainda são responsáveis por mais 60% da produção de energia do sistema interligado nacional (SIN). Então, mesmo sendo um parque de certa forma envelhecido, com cuidados e foco em modernizações, usinas poderão voltar ao auge. Em relação às oportunidades, o Energy Report aborda as usinas hidrelétricas reversíveis, a sinergia entre hidrelétricas com usinas solares flutuantes e a construção de usinas hidrelétricas de baixíssima queda, que têm menor impacto ambiental e soluções de engenharia inovadoras.